“É mais fácil entender o que é literacia quando falamos da língua. Nós, por exemplo, temos literacia na Língua Portuguesa. Ou seja, ela é natural para nós. Falamos rápido, sem precisar ficar pensando.
Podemos falar a Língua Inglesa fluentemente, mas no momento em que estamos em uma discussão qualquer nos Estados Unidos, por exemplo, no momento em que formos xingar o faremos em português porque sairá de forma natural.
As coisas vão ficando mais complicadas de geração para geração. Percebemos que a sociedade tem envelhecido no sentido de que a expectativa de vida aumentou. Assim, há muita gente mais velha que não tem intimidade com a tecnologia e que vive os conflitos com as gerações mais novas. Isso é uma questão que precisa ser discutida.
Quando falamos de cidades inteligentes e trabalhar o Guará como um pólo inteligente que seja referência no Distrito Federal, é uma questão que precisa ser bem trabalhada.”
Por isso que o Instituto Brasileiro das Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis tem esse nome. A palavra “humanas” vem primeiro porque não podemos ter a tecnologia como se fosse o objetivo ou o fim, senão daqui a pouco robotizamos tudo e perdemos nossa humanidade.
A tecnologia tem que ser um meio, um instrumento para facilitar e melhorar a nossa vida. Por isso, precisamos cuidar das relações interpessoais entre as gerações.
A solução para isso é trabalhar as crianças, ainda na escola, para terem esse tipo de compreensão para que possam se relacionar melhor com seus pais, avós e idosos.
Em uma conversa com o professor Cristovam Buarque, um grande nome da educação mundial, expus a seguinte situação: o prefeito de Serra, uma cidade do Espírito Santo, selecionou 10 escolas de crianças carentes, levou pessoas da Índia que começaram a fazer meditação com essas crianças no início das aulas.
Cada professor, em sua sala de aula, fazia de 15 a 20 minutos de meditação e uma dinâmica com os alunos em que eles falavam palavras positivas sobre amor, relacionamento e companheirismo. Após dois anos dessa rotina, o índice de evasão escolar caiu para zero nessas 10 escolas.
A evasão escolar é uma preocupação do professor Cristovam há muitos anos. Já que há situações em que a criança não se sente estimulada para ficar na escola, além de viver em um ambiente familiar que não contribui para seu aprendizado.
A meditação antes das aulas trouxe outros benefícios para os alunos além de acabar com a evasão. Elas começaram a influenciar dentro de casa a ponto de um pai com histórico criminal e problemas de relacionamento com a mãe relatarem para a direção da escola que a vida dentro de casa tinha melhorado muito depois que o filho passou a fazer meditação na escola.
Parece maluquice porque meditação nada mais é do que um momento de reflexão, respirar um pouco, trocar ideias sobre fé e amor. Isso faz com que a criança leve essa mensagem para casa melhorando o ambiente familiar e a sua produtividade na escola.
Estamos falando de cidades inteligentes, mas até agora não mencionei tecnologia, mas sim de uma solução que resolve o problema da intergeracionalidade.
André Gomyde