Aprender é preciso em uma cidade inteligente e humanizada

Quando falamos de cidade, o mais comum é que as pessoas pensem em amontoado de concreto, asfalto e um pouco de verde que tem a nossa volta e que está ligado a endereço, memória afetiva.

Morei no Guará durante muito tempo e na minha infância lembro que toda vez que ia à feira queria voltar para casa com um pintinho e um balão de gás hélio. A cidade é isso. Ela nos marca afetivamente, nos afeta, constrói e nos faz ser quem nós somos.

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Uma cidade inteligente é feito por gente criativa e inteligente: Alunos da Incubadora Hackacity Guará falando de suas ideias inovadoras.

Lúcio Costa sobrevoando hoje Brasília

Se cada um de nós tivesse nascido em um país completamente diferente, mas com o mesmo corpo, DNA e estrutura biológica seríamos outras pessoas, com pensamentos, sentimentos, memórias afetivas e ideias de cidade diferentes. Mesmo que nesse outro país vivêssemos em uma cidade com prédios, concreto, asfalto e um pouco de verde muito parecido com o que temos hoje porque a cultura é outra e as pessoas são outras. Tem um diálogo de Platão, muito curioso, chamado Alcibíades. Alcibíades é um garoto que foi tutorado por Péricles, uma espécie de JK da Grécia Antiga, um grande governante e soberano. As pessoas colocaram na sua trajetória a ideia de que ele seria uma pessoa muito influente na política por causa de seu professor. O menino está no momento em que começa a deixar a infância e chegar à vida adulta. Assim, começa a olhar ao seu redor e não se sente preparado para realizar as promessas e expectativas que depositaram nele. Assim, começa a se questionar se é realmente capaz de governar e influenciar a cidade quando encontra Sócrates e confessa não saber se está preparado para governar as pessoas. Sócrates, então, o pergunta o que é preciso para governar. Ele vai dando respostas que são descartadas por Sócrates afirmando serem poucas até o momento em que ele questiona ao menino o que é a cidade. Diz a ele para imaginar duas hipóteses, uma cidade com toda uma estrutura perfeita, que tem todas as suas funcionalidades excelentes, como transporte público de qualidade, por exemplo, mas as pessoas que vivem nela são insuportáveis.

O Guará, com seu desenvolvimento notável desde a minha época, demonstra um equilíbrio entre crescimento e planejamento, embora ainda enfrenta desafios significativos em termos de densificação e infraestrutura. Encanta-me ver as áreas verdes e iniciativas de sustentabilidade que refletem um compromisso com o urbanismo humano e integrado à natureza. No entanto, é crucial que avancemos mais na melhoria da mobilidade, na inclusão social e na incorporação de tecnologias inteligentes para garantir que a cidade não apenas cresça, mas também melhore significativamente a qualidade de vida de todos os seus residentes.

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Assim, dava para ver nas gramas, que separavam o eixão do eixinho, a trilha de terra, como caminhos de formiga vistos de cima. O jornalista que acompanhava Lúcio Costa no voo perguntou como ele se sentia ao ter projetado um túnel para as pessoas passarem e elas não o usarem já que o caminho de terra pela grama denunciava que as pessoas preferiam passar pela pista.

Embora a escola urbanística de onde ele veio acreditasse que era possível mudar as pessoas, Lúcio Costa respondeu: Quem sou eu para dizer onde o povo tem que andar?

E se ele estivesse vivo? O que falaria do Guará de 2024?

Se Lúcio Costa pudesse sobrevoar o Guará hoje, ele provavelmente teria uma mistura de sentimentos e impressões. Costa, conhecido por seu planejamento inovador de Brasília, focava em um desenho urbano que promovesse não apenas a eficiência e modernidade, mas também a qualidade de vida dos moradores. Aqui estão alguns pontos que ele poderia observar e comentar:

Evolução e Crescimento: Lúcio Costa ficaria impressionado com o crescimento e desenvolvimento do Guará, que foi planejado após a inauguração de Brasília como parte da expansão urbana do Distrito Federal. Ele provavelmente apreciaria como a cidade cresceu mantendo um certo nível de planejamento e organização.

Desafios Urbanos: Ao mesmo tempo, ele poderia expressar preocupações com os desafios urbanos que Guará enfrenta, como a densificação que pode ter ocorrido de forma descoordenada e a necessidade de infraestrutura adicional para suportar sua população crescente.

Sustentabilidade: Costa poderia elogiar iniciativas de sustentabilidade e áreas verdes do Guará, se houver, pois estes são elementos alinhados com os princípios de um urbanismo mais humano e integrado com a natureza. Ele estaria interessado em ver como a cidade se adapta às necessidades de sustentabilidade e se mantém verde.

Mobilidade: Ele também poderia comentar sobre a mobilidade urbana no Guará, observando se o sistema de transporte público e as conexões com outras regiões do DF estão em linha com as ideias de acessibilidade e eficiência que ele valorizava.

Inclusão Social: Como um visionário, Lúcio Costa provavelmente estaria atento às questões de inclusão social e acessibilidade. Ele estaria curioso para saber se Guará conseguiu criar um ambiente inclusivo que ofereça igualdade de oportunidades para todos os seus habitantes.

Tecnologia e Inovação: Finalmente, Costa ficaria entusiasmado com qualquer integração de tecnologias inteligentes na gestão da cidade. O uso de tecnologia para melhorar a qualidade de vida, gerenciar recursos e facilitar a governança estaria em linha com suas visões futuristas para o planejamento urbano.

Havia um certo exagero nessa crença que fazia com que, muitas vezes, na hora de projetar uma cidade as pessoas que viviam ou iriam morar nela não eram ouvidas. Com Brasília isso foi mais difícil porque as pessoas não existiam no primeiro momento.

O que gerou uma empolgação maior ainda porque acreditaram que o que colocassem na planta moldaria o tipo de gente. Queriam uma cidade em que as pessoas se encontrassem, já que tem uma quadra e ao lado tem um comércio para elas poderem transitar a pé, mas não deu muito certo porque começaram a usar o carro para ir até a entrada da quadra.

Um sinal de que não se controla a cultura, mas pode dar um empurrãozinho. Como a história citada anteriormente por André sobre a meditação na escola para melhorar o ambiente escolar e, de repente, essa ação melhora a casa onde o aluno mora.

É difícil ter uma dimensão de todos os efeitos que o encontro humano é capaz de causar. É possível surpreender-se menos se, na hora de fazer os cálculos, lembrar de todos os humanos que estão na história.

Quando falamos de deixar a cidade mais inteligente e investir em tecnologia para todos os lados isso assusta os mais velhos porque têm dificuldade para tecnologia.

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